Estive em uma escola classe A de São Paulo conversando com 3 salas de aula ao mesmo tempo. Nunca faça isso, pois a turma pega fogo. Mas com experiência de 30 anos, resolvi envolver os adolescentes na pesquisa de suas famílias.
Perguntei aos 100 alunos quem tem ou teve avós que fumavam e 90% deles levantaram as mãos. Perguntei quem tinha pais que fumam ou fumavam e 40% ergueram as mãos. E finalmente quem tinha irmãos mais velhos que fumam e menos de 10% levantaram as mãos.
Perguntei se alguém tinha dúvida de que o cigarro fazia mal e todos concordaram. Então se eles sabiam porque seus avós fumavam e as respostas foram estas:
- • Porque era chique fumar;
• Porque era sexy fumar;
• Porque era charmoso, tinha o glamour do cigarro;
• Porque dava prazer;
• Porque acalmava;
• Porque socializava o pessoal;
• Porque a maioria fumava;
• Para fazer parte da turma;
• Porque achavam que não viciava, Porque eles não conheciam os problemas de saúde causados pelo cigarro.
Perguntei então se sabiam porque o jovem de hoje fuma maconha, e eles nada disseram.
- • Porque é chique fumar, é sexy;
- • Porque é charmoso, tem glamour;
• Porque dá prazer;
• Porque acalma;
• Porque socializa o pessoal;
• Porque a maioria fuma;
• Para fazer parte da turma;
• Porque acham que não viciava;
• Porque não conhecem os problemas de saúde causados pela maconha.
A maconha hoje tem para os jovens o mesmo glamour que os cigarros tinham para nossos avós na década de 50. Nem todos tiveram doenças tabaco relacionadas, mas muitos pagaram o preço de terem fumado, o preço da dependência e encurtaram suas vidas em média em 10 anos.
Muito se fala da maconha recreacional, da maconha medicinal, mas não se fala nada daqueles que já estão pagando o pato do uso desta droga que tem um LOB interessado na difusão do seu consumo.
A maconha vicia, destrói a memória, altera o aprendizado, é precursora de outras drogas, já é responsável por acidentes automobilísticos fatais, etc. Não são todos que terão estes problemas, mas muitos pagarão o pato destes problemas.
Na minha opinião, você ajudar a incentivar o uso da cannabis pode levar outros que terão maior chance de sofrer as consequências da droga. A experimentação da maconha está ocorrendo na mesma faixa etária da experimentação do tabaco e aos 17 anos 20% dos jovens já a experimentaram, contra 25% da experimentação do tabaco. Cada vez mais precoce. De cada 100 adultos que a utilizarem poucos terão problemas, mas os terão. Mas se a iniciação ocorrer na adolescência, muitos terão problemas e me vem ao pensamento o sofrimento das famílias que tem jovens esquizofrênicos aonde a droga deve ter antecipado ou acentuado seus sintomas.
A discussão destes assuntos nas famílias foi a principal causa de diminuição da experimentação de drogas entre os 3500 jovens de escolas públicas de São Paulo em projeto piloto de prevenção patrocinado pela pró-reitoria de Cultura e Extensão da USP. Ou seja, pais, discutam o assunto em casa.