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Mulheres estão bebendo tanto quanto os homens. Quais são as consequências disso

O alcoolismo sempre foi um fenômeno predominantemente masculino. Mas essa realidade está mudando


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Por Ana Freitas | 01 Nov 2016


Nos anos 1960, anúncios de bebida – como esse, da Martini – eram predominantemente focados em homens

Historicamente, o alcoolismo e suas consequências para a saúde são encarados pela medicina como um fenômeno predominantemente masculino. Um estudo australiano publicado em outubro de 2016 no jornal BMJ Open mostra, no entanto, que essa tendência está começando a mudar – em todo o mundo.

Financiado pelo governo australiano, o estudo mostra que, se levarmos em conta dados mundiais, o abuso de álcool já se igualou em alguns grupos etários, especialmente entre as mulheres mais jovens. É o primeiro estudo que sistematicamente reúne toda a literatura acadêmica e médica disponível no mundo sobre o consumo de álcool entre mulheres e oferece um panorama mundial.

Pesquisas realizadas no Brasil também apontam um crescimento maior do consumo de álcool entre mulheres do que aquele registrado entre homens. Há 20 anos, havia apenas uma mulher alcoólatra para cada dez homens dependentes no Brasil.

Hoje, a cada dez dependentes, quatro são mulheres. Nos próximos 25 anos, dizem especialistas, o padrão de consumo deve se igualar para os dois grupos.

Como o consumo de álcool afeta o metabolismo

Entre homens e mulheres, o abuso de álcool oferece uma série de riscos à saúde física e mental. Em 2010, o alcoolismo esteve relacionado a 5 milhões de mortes e foi responsável por cerca de 161 milhões de anos de vida perdidos entre as vítimas da doença.

Entre os efeitos, estão o aumento do risco de câncer de vários tipos, degeneração neuronal em várias partes do cérebro, problemas hepáticos e no sistema digestório como um todo, doenças cardiovasculares e demência.

O consumo de álcool também tem impactos sociais e econômicos e está relacionado a violência doméstica e outros problemas familiares, além de diminuição de produtividade no trabalho e desemprego.

Riscos específicos ao corpo da mulher

Além de todas as complicações de saúde física e mental que acontecem em decorrência do alcoolismo para homens e mulheres, as mulheres são biologicamente mais vulneráveis ao consumo de álcool.

Isso acontece porque, em geral, elas têm menos massa corpórea, relativamente menos água no corpo e menos enzimas no fígado para metabolizar o álcool. Relativamente, elas têm menos água no corpo, e quando consomem álcool na mesma quantidade que homens, demoram mais para processá-lo.

Os efeitos da substância, portanto, acontecem de maneira mais rápida e duram mais – o que aumenta as chances de que mulheres tenham problemas de saúde e até de morte em consequência do abuso de álcool, mesmo tendo níveis de consumo mais baixos ou por menos tempo.

As mulheres têm risco de cirrose três vezes maior que os homens para o mesmo nível de ingestão de álcool; distúrbios psiquiátricos, osteoporose e doenças cardiovasculares também têm riscos elevados para quantidades iguais de consumo.

Outros riscos particulares à saúde feminina que aumentam com o álcool estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de mama e, no caso de gravidez, a problemas na saúde do feto.

Por que mulheres estão bebendo mais

O estudo australiano não oferece hipótese para o aumento no abuso de álcool entre mulheres. Mas mudanças culturais importantes sobre os papéis de gênero podem estar relacionadas a esse aumento.

Nas últimas décadas, as mulheres ocuparam postos de trabalho e espaços públicos de lazer. Elas conquistaram espaços que eram privilégio masculino e isso trouxe mais oportunidades de socialização – o que aumenta as situações de exposição ao álcool – e também mais situações de exposição a estresse, o que pode motivar o abuso de bebida alcoólica.

Há também obstáculos sociais para a mulher alcoólatra que são diferentes daqueles vividos pelos homens que abusam do álcool, motivados por um estigma social negativo relacionado a mulheres que consomem álcool e pelo contexto específico da mulher na sociedade.

Fonte: https://www.nexojornal.com.br/

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