A liberação da maconha interessa a grupos financeiros importantes.
Há mais pontos de venda em Washington e Colorado do que pontos do Mac
Donald e Starbucks, nestes estados que liberaram a maconha.
Tudo isto já ocorreu com o tabaco e está ocorrendo agora com a
maconha: ao mesmo tempo que diminuímos o consumo do tabaco estamos
aumentando o consumo da maconha.
Provavelmente em 20 anos estaremos fazendo com a maconha a mesma luta que estamos fazendo com o tabagismo passivo e ativo nos dias de hoje.
A discussão de legalizar ou não a maconha está na pauta do dia.
Quando Dr. Fergusson, conhecido médico pesquisador de drogas lícitas e
ilícitas, veio ao Brasil em 2013, apresentar suas pesquisas sobre a
maconha realizadas na Nova Zelândia, um dos médicos que estava no
Congresso da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras
Drogas) em Búzios, perguntou a ele:
– O Senhor é a favor ou contra a descriminalização da maconha?
Dr. Fergusson deu uma “enrolada” e não respondeu esta questão diretamente.
O médico ficou bravo com a não resposta do palestrante e insistiu:
– O Senhor é a favor ou contra a descriminalização da maconha? Eu quero uma resposta: SIM ou NÃO?
A resposta do Dr. Fergusson, entretanto, foi a seguinte:
– Meu filho, o mundo não é nem branco e nem preto, o mundo tem vários tons de cinza.
O que Dr. Fergusson quis dizer com isso foi que a discussão da
maconha não pode ser resumida entre legalizar ou não. Há várias outras
possibilidades a respeito como multas e penas menores para o consumo,
autocultivo em quantidades pequenas como no Uruguai, procedimentos
administrativos como em Portugal (participar de tratamento médico e
jurídico), tolerância de uso em lugares privados como na Holanda etc.
Polarizar em descriminalizar ou não é prejudicial à discussão.
Analisando do ponto de vista da saúde, a preocupação das Sociedades
Pediátricas quanto a este assunto é que, com a liberalização,
perderia-se o medo da droga e aumentaria o seu consumo entre jovens e
adolescentes. Isto, de certa forma, já vem acontecendo. O número de
jovens que experimentam a maconha até os dezessete anos está muito
perto dos que experimentam o cigarro (20 e 25% respectivamente – dados
do HU-USP 2014).
Sete estados norte americanos já estão com a droga legalizada para
uso recreativo e quase metade do país permite uso medicinal da maconha.
Junto com a última eleição para presidente, vários estados optaram
através de plebiscitos pela descriminalização da Maconha. Podemos
dizer, portanto, que esta tem sido a tendência: a legalização das
drogas leves.
O tema, entretanto, é complexo. Somente para citar dois exemplos,
lembro do caso recente do Canabidiol, substância da maconha que poderia
ser usada em certos remédios contra convulsões e que atraiu interesse
da grande mídia. A falta de pesquisas definitivas sobre o assunto,
entretanto, torna tal discussão precipitada, quase uma questão de
achismo. Ademais, durante os referendos que legalizaram o uso da
maconha, surgiu outra problemática que até então não havia sido pensada:
o interesse de companhias privadas em lucrar com a legalização das
drogas. Através de lobby, assim como fizeram e fazem a indústria do
cigarro e bebida, tais companhias avançavam sua obsessão por lucros,
sem mostrar o interesse em uma discussão franca sobre o assunto das
drogas lícitas e ilícitas. Para tais empresas, seria melhor não o uso
recreativo da droga, mas sim ao seu uso diário e viciante. Tal lobby
inibe políticas públicas contrárias ao uso de drogas, e nos estados de
Washington e Colorado que foram os primeiros a liberarem a maconha, 20%
da população já é responsável por 76% do consumo, concentrado na
parcela mais pobre da população que chega a gastar até 25% do seu
salário com compra de drogas. Tudo isto tem um ar de déjà vu para quem está na luta contra as empresas de tabaco há alguns anos.
Estes dados e muitos outros foram apresentados no Congresso de
Prevenção de Drogas Freemind em Campinas, em dezembro de 2016, por
Jeffrey Zinsmeister, membro do Drug Policy Institute, da Universidade
da Flórida. Outros dados alarmantes apresentados por ele foram sobre a
ingestão acidental de drogas por crianças em lugares onde legalizou-se a
maconha; a crescente presença de maconha encontrada em autópsias
feitas após acidentes fatais de carro, nos estados norte americanos que
legalizaram o uso da droga; e o uso abusivo de drogas por jovens que
ainda não chegaram à maturidade neurológica e que desconhecem os
efeitos que a maconha, mas também o álcool, podem ter para o seu
desenvolvimento.
A questão da legalização ou não da droga, diante dos dados
apresentados, parece passar ao segundo plano; e a prevenção – que deve
ser feita em ambos os casos – ganha destaque. Falar de legalização sem
levar em conta os males que drogas leves – assim como o cigarro e o
álcool – podem causar, é não reconhecer a complexidade do assunto. É
preciso que as sociedades pediátricas desenvolvam de forma séria o
aconselhamento breve sobre álcool, cigarro e outras e drogas, para
retardarmos a experimentação e diminuir o uso das drogas lícitas e
ilícitas. Não precisamos fazer como nos EUA, onde tais questões
começaram a ser levantadas somente depois da legalização; ou quando já
se concretizava. Precisamos investir em prevenção já, enquanto
amadurecemos os demais debates. Caso contrário, daqui há 20 anos
estaremos fazendo campanhas para retirar a maconha de ambientes
fechados, das mãos de menores de idade; nos preocupando com o uso
abusivo e efeitos colaterais das drogas leves etc., assim como fizemos
com o cigarro nos últimos anos.
Quando me perguntam sobre a legalização das drogas em palestras ou
aulas em escolas, hospitais, e em conferências médicas, eu sempre
respondo que não sei ao certo qual a melhor solução. Mas afirmo com
certeza que em ambos os casos a prevenção e a orientação sobre os
riscos das mesmas é essencial e deve ser iniciada já. Para o pediatra, a
questão central não é se vão ou não descriminalizar ou legalizar as
drogas; mas sim ter certeza de que seus pacientes estarão bem
informados e preparados para fazer a decisão certa quando precisarem
escolher entre usar ou não drogas.
O interesse em comercializar a maconha livremente interessa a grupos e
empresas que são adoradoras do dinheiro. A maconha existente
livremente no comércio começa a produzir intoxicações exógenas em
adolescentes e crianças de 0 a 5 anos no Colorado, um dos estados
iniciantes do uso recreativo da droga nos EUA.
O que precisamos é fazer uma PREVENÇÃO bem feita!
Congresso Freemind 2016 apresentado por: UF DRUG POLICY INSTITUTE
Vamos fazer transmissões pelo face live (transmissão ao vivo via
Facebook) toda quarta-feira a partir do dia 27/09/2017, às 12hs, pelo
perfil do Dr Bartô no Facebook (clique aqui para assistir).
A ideia é dar oportunidade para aqueles que querem parar de fumar e não podem comparecer ao nosso ambulatório antitabágico no HU USP.
Este horário é para aqueles que querem parar de
fumar, para aqueles que já pararam de fumar, para aqueles que não
pensam em parar de fumar e para todos que se interessam pelo assunto de
prevenção de tabaco, álcool e outras drogas.
Vamos fazer transmissões pelo face live (transmissão ao vivo via
Facebook) toda quarta-feira a partir do dia 27/09/2017, às 12hs, pelo
perfil do Dr Bartô no Facebook (clique aqui para assistir).
A ideia é dar oportunidade para aqueles que querem parar de fumar e não podem comparecer ao nosso ambulatório antitabágico no HU USP.
Este horário é para aqueles que querem parar de
fumar, para aqueles que já pararam de fumar, para aqueles que não
pensam em parar de fumar e para todos que se interessam pelo assunto de
prevenção de tabaco, álcool e outras drogas.
PROJETO DR. BARTÔ – PREVENÇÃO DE DROGAS No “Lançamento da Liga da Prevenção“, na Assembleia Legislativa de São Paulo no dia 6 de novembro de 2015, Dr João Paulo Becker Lotufo, criador do projeto Dr Bartô e os Doutores da Saúde, recebeu o Prêmio Master da Liga da Prevenção, em reconhecimento aos trabalhos de profissionais que estavam anônimos e outros que nos espelhamos durante nossa jornada em prol da prevenção de drogas e álcool, da defesa da abstinência total e da valorização da recuperação a longo prazo.