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Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (CONED/SP)

Dr João Paulo Becker Lotufo participou da reunião no Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (CONED/SP) a convite da ACTBR (Aliança do Controle do tabagismo) em razão do Dia Nacional de Combate ao Fumo.

Apresentamos o projeto Dr Bartô, sobre prevenção de álcool, tabaco e maconha nas escolas do ensino fundamental e médio.

Tivemos contato com o Coordenador Estadual da Juventude, que promete parcerias importantes. Representamos a Sociedade Brasileira de Pediatria na discussão destes temas. 27/08/15.

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Como Ajudar o Projeto Dr Bartô – Pessoa Física e Jurídica

Informações de como doar via IR para o Fundo Estadual da CrianÇa e do Adolescente

FUNDO DO CONDECA

O Fundo Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (FEDCA) é formado com recursos especiais para o atendimento deste público. Em São Paulo, é administrado pelo Condeca-SP.

Dúvidas, ligar para Tania: 11 3024-7490

Veja como é fácil fazer sua doação:

Todo cidadão contribuinte pode colaborar com a política dos direitos das Crianças e do Adolescente:

1. Para abater o valor da doação do imposto de Renda devido, você precisa fazer a declaração no formulário completo;

2. Acesse o formulário “resumo” no arquivo de sua última Declaração de Ajuste do Imposto de Renda;

3. Verifique qual é o valor do Imposto de Renda DEVIDO (atenção: não é imposto a pagar);

4. Calcule o valor equivalente a 6% do imposto devido (pessoas físicas) ou 1% (pessoas jurídicas).
*Faça o depósito no Fundo escolhido (Municipal e/ou Estadual)

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Comemoração do “Dia Nacional Sem Tabaco” no Hospital Universitário da USP

No dia 28/08/2018. o Dr. João Paulo participou da comemoração do Dia Nacional Sem Tabaco que aconteceu no Hospital Universitário da USP.

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Combate ao uso de Drogas por Crianças e Adolescentes

“Os problemas com as drogas já atingem a faixa etária atendida pelo pediatra e nem os pais, nem o próprio especialista, estão habituados ou preparados para este tema.”

No 14° Congresso Paulista de Pediatria, realizado nos dias 12 a 15 de março último, foi lançado o livro Álcool, Tabaco e Maconha: Drogas Pediátricas, de autoria de João Paulo Becker Lotufo (foto), pneumopediatra, médico assistente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP), e coordenador do Projeto Antitabágico do HU-USP, com o apoio da Sociedade de Pediatria de São Paulo e Sociedade Brasileira de Pediatria. Esta foi a primeira ação da parceria entre a SPSP e o projeto Dr. Bartô, coordenado por Lotufo com o objetivo de capacitar gestores, equipe técnica, pedagógica e de apoio em escolas e empresas – públicas ou privadas – a lidar com a grande incidência de vícios lícitos (tabagismo e álcool) entre crianças e adolescentes.

“Com essa parceria, esperamos divulgar o assunto drogas – enfatizando a prevenção – entre os pediatras, para que todos possamos fazer o que chamamos aconselhamento breve na consulta pediátrica”, comentou Lotufo.

Para isso, foi criado o Grupo de Trabalho Combate ao Uso de Drogas por Crianças e Adolescentes da SPSP, com coordenação de João Paulo Becker Lotufo. “Os problemas com as drogas já atingem a faixa etária atendida pelo pediatra e nem os pais, nem o próprio especialista, estão habituados ou preparados para este tema”, afirmou o pediatra. Lotufo aplicou um questionário em 2007, em um congresso de pediatras e pneumologistas pediátricos, e as respostas revelaram grande desconhecimento dos médicos sobre os problemas e sobre o tratamento do tabagismo. “O mesmo aconteceu em 2009, ou seja, o nível de conhecimento do médico era semelhante ao do leigo nessa questão”, ressaltou Lotufo.

ESTUDO

Uma pesquisa com cerca de 3 mil alunos da rede pública de ensino fundamental e médio de escolas da região do Butantã, em São Paulo, observou-se que o uso das drogas lícitas se inicia aos 10 anos de idade e, no último ano do ensino médio, 25% dos jovens está fumando, 59% está bebendo (álcool), 20% já usou maconha e 5% já experimentou crack. “Tudo é muito precoce, e 25% de jovens fumantes é um número bem superior ao de maiores de 18 anos fumantes (11 a 14%) no estudo”, contou Lotufo. A pesquisa foi organizada pelo projeto Dr. Bartô e patrocinada pela Pró-reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo.

CAFÉ DA MANHÃ COM O PROFESSOR

A próxima ação da parceria entre a SPSP e o projeto Dr. Bartô será o Café da Manhã com o Professor com o tema Aconselhamento Breve Sobre Drogas em Pediatria. “Apresentaremos os dados de experimentação das drogas na área pediátrica e daremos subsídios para que o pediatra possa agir e dar orientações à família, pois sabemos que o diálogo na família é o principal fator de prevenção às drogas”, informou Lotufo. O evento também terá orientações sobre como tratar adolescentes e pais fumantes.

JULHO BRANCO: MÊS DE COMBATE ÀS DROGAS NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA

A parceria entre a SPSP e o projeto Dr. Bartô, por meio do Grupo de Trabalho Combate ao Uso de Drogas por Crianças e Adolescentes, quer instituir o mês de Julho como o mês de combate às drogas na infância e adolescência. “Queremos iniciar uma campanha permanente contra as drogas e o consumo de álcool na faixa etária pediátrica, protegendo nossas crianças e adolescentes e, também, fornecendo subsídios para que o pediatra tenha segurança e informações precisas ao abordar esse tema em suas consultas, por meio de encontros, palestras e conferências”, disse Claudio Barsanti, presidente da SPSP.

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Cinco razões para não usar o cigarro eletrônico

Resumo da Matéria da Ciência Hoje – Fevereiro de 2015, Edição 322, Vol. 74, p. 17-21.

1. A importação, a comercialização e a propaganda do cigarro eletrônico estão proibidas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) desde 2009.

2. “O dispositivo eletrônico é um disfarce, é um cigarro e não um medicamento para ajudar os fumantes.” Ele imita um cigarro e isso vai contra um princípio básico no tratamento da dependência comportamental”.

3. A sanitarista Tânia Cavalcante, pesquisadora do Instituto Nacional do Câncer (Inca), lembra que, apesar de liberar menos substâncias, não é possível afirmar que a troca pelo cigarro eletrônico resulte em menos prejuízos.

4. Segundo o pneumologista Alberto Araújo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ressalta que, além da nicotina, os cartuchos de cigarro eletrônico apresentam outras substâncias perigosas, como o propilenoglicol, usado no arrefecimento de motores e na produção de gelo seco, e metais pesados derivados do cultivo do tabaco.

5. Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto do Câncer Roswell Park (RCPI), nos Estados Unidos, analisou quatro das mais comuns marcas de cigarro eletrônico e verificou que a concentração de nicotina nos refis chegou a ser 20% maior do que a declarada pelos fabricantes. A informação dos rótulos nem sempre é confiável.

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Cigarro Eletrônico: não é o que parece

Marcello Henrique Corrêa e Heryka Cilaberry

Uma invenção chinesa, lançada há cerca de dois anos, alimenta os sonhos de muitos fumantes que lutam contra o vício: parar de fumar, fumando. Trata-se do cigarro eletrônico, objeto que tem gosto e aparência de cigarro, mas não passa de chips, baterias e cartuchos de nicotina. Juntos, esses elementos permitem ao fumante ter a sensação de tragar, sem, no entanto, estar sujeito aos malefícios do tabagismo, já que não produz fumaça, responsável pelos principais problemas clínicos do cigarro comum.

Apesar do otimismo das propagandas do cigarro eletrônico, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, recentemente, que não se sabe nada sobre a eficácia e segurança do produto. Segundo o órgão, é preciso verificar que substâncias, além da nicotina, estão envolvidas no processo.

O método, que é semelhante a outros antitabagismo, como chicletes e adesivos de nicotina, se destaca pela possibilidade de reproduzir o ato de fumar, o que seria supostamente menos traumático para a pessoa que luta contra o vício. A proposta é reduzir gradativamente o nível de nicotina dos cartuchos, até que o vício tenha sido eliminado.

Para entender os impactos desse modo diferente de parar de fumar, o Olhar Vital conta com a opinião de dois especialistas no assunto.

José Mauro Braz de Lima
Coordenador do Centro de Estudos de Prevenção e Reabilitação do Alcoolismo (Cepral) do Instituto de Neurologia Deolindo Couto

“Essa é uma questão bem mais complexa do que falar sobre uma dependência puramente química. O tabagismo se configura como uma das principais dependências do homem moderno, com uso compulsivo, freqüente. Quando a pessoa é privada desse hábito, apresenta sintomas de ansiedade e mal-estar, caracterizando o grau de dependência. Precisamos relacionar isso com uma série de fatores, além da nicotina.

O cigarro tem um aspecto interessante, comparado a outras drogas. Percebemos que a repressão ao seu uso, que ocorre desde meados do século XX, está relacionada à prevalência de doenças como câncer e complicações cardiovasculares, comprovadamente relacionadas ao tabagismo. Não se fala, entretanto, de mudança de comportamento de fumantes, como ocorre em outras drogas, como cocaína, craque e maconha. O tabagismo caracteriza-se por essa condição clínica importantíssima, mas não provoca alterações comportamentais importantes sobre a conduta do usuário.

Quanto ao cérebro, parece que o cigarro não provoca tantas alterações. As mais evidentes são as sensações de tranqüilidade e de excitação. Não se sabe dizer, portanto, se a nicotina é excitante ou tranqüilizante. O que eu quero dizer é que a ação da nicotina sobre o cérebro ainda não foi comprovada e determinada claramente. É preciso que se realizem mais trabalhos sobre isso, para saber o quanto a nicotina atua sobre o cérebro.

Nesse sentido, é importante valorizar algumas coisas que parecem ser, de fato, pertinentes no hábito de fumar. A partir disso pode ser um pouco mais fácil entender o cigarro eletrônico.

É notável, a partir da observação empírica, que muitas vezes o cigarro apagado alivia o stress emocional. Vamos voltar à questão neuro-funcional. É interessante perceber que o ato de fumar mexe com a mão, com a boca – terminações sensoriais das mais importantes. Também envolve os estímulos visuais, o olfato e o gosto. Cada função é integrada e trabalhada em áreas bem definidas. O fato de se pegar um cigarro, ocupando a mão e a ponta dos dedos, ou levar o objeto à boca, são estímulos que provocam sensações extremamente importantes.

Para entender essa questão do hábito de fumar, é importante levar em conta o quanto esses estímulos representam. Quando usamos esses sentidos, estamos atraindo outros estímulos. Portanto, usar a mão e a boca já representa um fator tranqüilizante, não só no hábito de fumar, mas também em esculpir uma cerâmica ou tocar um instrumento musical, porque tira o foco da consciência de problemas do cotidiano, por exemplo, para concentrar apenas na mão.

Isso explica as várias formas de tratamento com diversas terapias, como música, artesanato e ginástica, entre outras. Observamos que, assim como a pessoa se vicia no ritual de fumar um cigarro, é possível que alguém se ‘vicie’ em ginástica, em internet, em jogo. São todos hábitos compulsivos que se pode estabelecer no comportamento de um indivíduo sem que estejam relacionados a substâncias químicas. Essas pessoas ficam tão habituadas a essas compulsões que, se não fazem aquilo um dia, sentem falta e passam mal, assim como o fumante. Meu temor é que o cigarro eletrônico simplesmente substitua o cigarro comum nessa relação de dependência.

A partir dessas considerações, percebemos que as substâncias envolvidas agem, sim, sobre o cérebro, mas é preciso levar em conta os aspectos psicológicos, comportamentais e sociais, que vão interagir com esse cérebro. Deixo claro que, como médico, não sou a favor do tabagismo. O melhor é não usar e seguir sua vida dando conta de seus problemas de outra forma, não pelo álcool, pelo tabaco e por outras drogas.”

Alberto Araújo
Diretor do Núcleo de Estudo e Tratamento do Tabagismoda UFRJ

“Antes de tudo, é preciso explicar como são produzidos os e-cigarettes. O cigarro eletrônico fabricado na China é composto por um tubo metálico que contém um recipiente de nicotina líquida e outras substâncias não identificadas, comercializadas em cartuchos recarregáveis. Quanto ao seu efeito no organismo, Douglas Bettcher, diretor da Iniciativa Contra o Tabaco da OMS afirma que ainda não existem provas de que ele seja mesmo seguro e ajude os fumantes a abandonar o vício. Pelo pouco que conhecemos, é possível presumir que este e-cigarro seja muito nocivo para quem quer parar de fumar e para quem quer continuar fumando.

Imaginem o impacto de uma invenção como essa: as pessoas se sentirão à vontade para fumar livremente em ambientes fechados; pois não produz fumaça. Professores e alunos poderão fumar em salas de aula; médicos poderão fumar em seus consultórios e pacientes nos hospitais; crianças fumarão escondido sem serem  notadas. Isso faria com que todos os esforços para regulamentar os ambientes livres de tabaco fossem descartados a partir da disseminação de uma crença de que eles não causarão mal a terceiros.

O cigarro eletrônico além da nicotina, ao que tudo indica, contém 50 substâncias cujo teor, quantidade e composição ainda são desconhecidos. Assim, ele também causa e mantém a dependência, por simular exatamente o ritual e as associações comportamentais que o cigarro convencional condiciona.

Além disso, as substâncias químicas que permitem que a nicotina seja liberada podem causar danos parecidos com aqueles já produzidos pelo cigarro convencional ou até outros problemas de saúde.

As substâncias psicoativas do cigarro, da qual a nicotina é a maior expressão, estimulam uma determinada área do cérebro localizada na Área Tegumentar Ventral, conhecida como nucleus accumbens a liberarem uma grande quantidade de neurotransmissores, dos quais a dopamina se destaca. Estas ações fazem parte de um grande sistema denominado “Sistema de Recompensa Cerebral” que todos os indivíduos têm desenvolvido.

No caso dos fumantes, estes neurotransmissores geram durante um determinado período, em torno de 40 minutos, uma sensação de prazer, de alívio e satisfação, ao mesmo tempo aumentam a concentração, o metabolismo corporal e excitam o indivíduo.
No campo da Saúde e Meio ambiente, adota-se cada vez mais como princípio norteador na introdução de novas tecnologias, o denominado “princípio da precaução”, ou seja, a sociedade deve discutir, informar-se e antecipar-se a medir os potenciais riscos de qualquer produto para consumo humano, adotando-se este princípio, este e-cigarette deveria ser proibido. O maior perigo está em não se saber quais substâncias químicas misturadas à nicotina liquida são encontradas no cartucho.

Ainda que o e-cigarro só tivesse a nicotina sem a adição de outras substâncias danosas, valeria a pena usá-lo, sabendo que a essa é uma das mais potentes drogas psicoativas? É verdade que ela pode ser usada para ajudar o fumante a se tratar do tabagismo, mas são métodos já bastante testados e seguros para a maioria dos pacientes, refiro-me no caso aos adesivos, gomas e outras formas de administração que ainda não existem no Brasil, como os inaladores, spray nasal e pastilhas.

No caso do e-cigarette é bem possível que a pessoa não resolva mais parar de fumar e só troque o veículo de liberação da nicotina (o cigarro convencional pelo eletrônico), com o risco de ingerir inúmeras e desconhecidas substâncias químicas que serão liberadas em sua circulação. É um risco que as pessoas não devem correr. É como trocar seis por meia dúzia, na prática continuará fumante e não há nenhuma garantia de que este método venha ajudar a pessoa no futuro a parar de fumar, tampouco de não ter câncer de pulmão e em outros órgãos.

A prevenção é a principal arma contra o tabagismo, mas para aqueles que já se tornaram dependentes, o melhor caminho é procurar por um dos 70 centros de tratamento cariocas. Basta ligar para o Telessaúde: 2273-0846 e informar-se sobre os locais mais próximos de sua residência ou de trabalho. Quer deixar de fumar? Faça uma tentativa séria com profissionais competentes e preparados para ajudá-lo nesta tarefa. Proprietários das marcas de cigarro eletrônico ou convencional só querem o seu dinheiro e acabam lhe tirando a beleza, a intensidade e a duração da vida. Pense nisso, para ter mais qualidade no viver. E-cigarette com certeza não é a solução.

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Carta aberta do Dr. Bartô sobre a volta da cerveja aos estádios de futebol

Sobre a notícia de que A cerveja deve voltar aos estádios paulistas, assunto encampado pelo presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol), Sr Reinaldo Bastos, o vice-governador do estado, Sr  Márcio França, e o deputado estadual e presidente do TJD-SP, Delegado Olim, nos desculpem a franqueza: ISTO É UM RETROCESSO!

Recentemente a Sociedade de Pediatria de São Paulo esteve com o Governador do Estado Geraldo Alkmin discutindo o problema da experimentação de álcool e outras drogas entre os jovens. Aos dezessete anos, 25% dos alunos das escolas públicas no entorno do HU-USP já experimentaram o cigarro, 20% a maconha, 5% o crack e 60% a bebida alcoólica.

Sabemos que, o fato de termos conseguido diminuir o número de fumantes no Brasil de 30% para menos de 10% deve-se em grande parte à retirada da propaganda de cigarros da grande mídia, ao aumento do preço do cigarro, ao tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar e à legislação rigorosa da LEI Ambiente Fechado Livre do Tabaco, que teve apoio de diversas entidades da sociedade civil, incluindo a Sociedade Brasileira de Pediatria.  

Além da publicidade gratuita que a bebida receberia ao ser vendida nos estádios, em um evento que deveria ser para toda a família; lembramos que a violência no entorno dos futebol se deve em parte ao abuso da bebida alcoólica. Nos últimos meses fomos chocados, novamente, com a morte de torcedores nas cercanias de estádios. Trazer a bebida para dentro dos mesmos é um péssimo exemplo para todos, inclusive para os menores de idade que acompanham esta paixão brasileira.

O Governador de São Paulo apoiou as medidas que sugerimos em nossa reunião no Palácio do Governo no Morumbi, que foram:
– Aumentar o preço da bebida alcoólica em São Paulo, e conversar com os governadores dos estados vizinhos para se evitar a luta do ICMS.
– Proibir a venda de bebida alcoólica no entorno das escolas públicas ou privadas.
– Proibir a venda de bebida alcoólica em postos de gasolina.
– Punição para a venda de bebida alcoólica a menores de idade.

O governador apoiou todas estas medidas e nos orientou a procurar o deputado Floriano Pezzaro (Secretário de Ação Social do estado) para discutirmos como implementar este assunto. Não somos contra a cervejinha de final de semana, mas ao mesmo tempo entendemos que, do ponto de vista médico, o álcool é sim uma droga lícita que precisa ser entendida em um contexto maior. Se combate a cracolândia, mas esquecemos que quem está lá é dependente não só de crack, mas também de álcool e maconha; ou que mortes e violência doméstica causadas pela bebida são maiores do que pelo crack. Sem levar estes pontos em consideração, a discussão das bebidas nos estádios permanecerá incompleta. Esta não é uma questão somente econômica, mas de saúde pública.

Senhor governador: estamos aguardando a discussão com a sociedade das medidas sobre as quais conversamos. Nos espanta ver sua base política apoiar medidas de retrocesso à legislação do consumo de bebida alcoólica, uma vez que acreditamos no apoio do seu gabinete às medidas que propusemos

Sabendo do poder econômico na política, escancarado em tempos recentes, além da tentação de se criar novas receitas à base de canetadas e não de planejamento, calculamos a força oculta da indústria cervejeira e de clubes de futebol para que se aprove estas medidas.
Nosso compromisso, entretanto, é com a saúde e o bem estar de todos. Por isto nos colocamos publicamente contrários a estas medidas.
O álcool é a segunda causa de morte evitável no mundo. Pensem um pouco nisso.

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Canabidiol foi liberado, mas a maconha não

Com a notícia de que o Canabidiol foi liberado, muitas crianças serão beneficiadas, mas começo a escutar que muitas outras não diminuíram suas convulsões com este derivado da maconha. Precisamos aperfeiçoar nossos estudos científicos, pois medicina é assim mesmo: há trabalhos que poderão encontrar melhora e outros não.

Minha preocupação como pediatra do HU USP e responsável muitas vezes pela questão das drogas na Sociedade Brasileira de Pediatria é de que muitos jovens hoje querem justificar o uso da maconha pela sua “ação medicinal”.

Nas escolas públicas da região do Butantã em São Paulo, aos 17 anos 25% dos jovens estão fumando (dado superior do índice de 12% de adultos fumantes no último vigitel – levantamento por telefone), 59% estão usando bebida alcoólica, 20% estão usando maconha e 5% já experimentaram o crack (dados de 2013 em fase de publicação em revista científica).

Na pediatria já falávamos que o tabagismo era uma doença pediátrica. Hoje falamos que o tabagismo, o álcool e a maconha são doenças pediátricas, pois já se inicia o uso aos 10 anos de idade. Não confunda Canabidiol com maconha.

Nas unidades médicas específicas usamos a morfina, derivado da Heroína para diminuir a dor em situações de emergência. Ninguém utiliza a heroína e sim uma parte dela, a morfina que foi devidamente estudada. O mesmo deverá ocorrer com o Canabidiol e a maconha.

Nos EUA tivemos “epidemia de dor crônica” que justifica conseguir a droga dita medicinal. O mesmo ocorreu com a maconha recreacional. Quando se perguntou  ao Dr Fergusson da Nova Zelândia num congresso sobre maconha da ABEAD (Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras Drogas) qual a opinião dele sobre a descriminalização da maconha no Uruguai, ele deu uma resposta vazia. Pressionado sobre ter uma posição sobre o assunto, ele disse:

-Meu filho, o mundo não é nem branco e nem cinza. O mundo tem vários tons de cinza. Na verdade ele quis dizer que estamos num momento de avaliar estas medidas do Uruguai e dos EUA, quanto a sua eficácia jurídica e na diminuição da dependência.

Do ponto de vista médico, precisamos esclarecer que 30% de quem usa a maconha tem dependência e 1 % terá surto psicótico. Muitas vezes o álcool e a maconha são a porta para o crack, já que na Cracolândia, a maioria dos indivíduos tem dependência das 3 drogas citadas. Ter num consultório pediátrico 6 comas alcoólicos aos 14 anos de idade e 4 internações de adolescentes com surto psicótico em 2 anos é demais!!!

Com a descriminalização das drogas diminui-se os problemas policiais e jurídicos, mas aumenta-se os problemas médicos. Com a diminuição do medo das drogas aumenta-se o consumo, aumentando-se a dependência e doenças relacionadas ao uso da droga.

O uso da maconha até os 17 anos de idade está muito perto do uso do tabaco entre os jovens da região do Butantã, em São Paulo.

Portanto, que fique claro: liberar o Canabidiol sim, mas a maconha, por enquanto ainda não!

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Entre os dez países com maior número de fumantes, o Brasil teve a maior redução de tabagismo diário

Em pelo menos uma lista o Brasil figura ao lado de nações como Austrália, China, Dinamarca, Islândia, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Suécia, Suíça e Estados Unidos. São países que registraram taxa de declínio significativa do consumo de tabaco nas últimas duas décadas. E mais. Entre os dez países com maior número de fumantes, o Brasil registrou a maior redução de tabagismo diário tanto em homens (29% para 12%), quanto em mulheres (19% para 8%). A mais abrangente pesquisa já feita sobre tabagismo no mundo, que acaba de ser publicada pela revista científica “The Lancet”, analisou 195 países no período de 1990 a 2015 e foi financiada por Bill & Melinda Gates Foundation and Bloomberg Philanthropies.

Entre as estratégias bem-sucedidas apontadas pelo estudo em todo o mundo estão: aumento da tributação, proibição de fumar em locais públicos, restrições à comercialização, promoção e propaganda de cigarros e comunicação eficiente. Aqui vale uma viagem ao tempo para lembrar do Brasil antes da década de 90 onde o cigarro era associado ao sucesso em propagandas televisivas, onde podia-se fumar em restaurantes, repartições públicas e até mesmo em aviões. Foi uma árdua batalha enfrentar a poderosa indústria do cigarro e impor limites e novas regras.

Somente no final dos anos 90, quando José Serra foi ministro da Saúde, o antitabagismo tornou-se uma bandeira de saúde pública do governo federal. Fumar foi proibido em todos os recintos coletivos, privados ou públicos. A propaganda em rádio, televisão e outras mídias foi banida. Eventos culturais e esportivos foram proibidos de receber patrocínio da indústria do tabaco. Os maços de cigarro passaram a obrigatoriamente conter advertências e imagens de impacto sobre as consequências trágicas do tabagismo como câncer, impotência, diabetes entre outras doenças. Além de intervenções fiscais que incluíram aumento de impostos e estabelecimento de preços mínimos para os produtos do tabaco.

Os resultados dessa acertada política que incluiu uma forte comunicação de interesse público são motivo de orgulho para o Brasil, mas a luta contra o cigarro está longe do fim. Só em 2015, 11,5% das mortes no mundo foram atribuídas ao tabagismo. Ele também foi responsável pelo segundo maior fator de risco de morte precoce e incapacidade. A cada ano são cinco milhões de mortos no mundo todo e bilhões de dólares gastos em saúde pública.

Na busca de consumidores, a indústria do tabaco vem perseguindo novos mercados e países como o Congo, Azerbaijão, Kuwait e Timor-Leste registraram aumento de fumantes. O mesmo aconteceu na população feminina da Rússia. Embora o mundo tenha assistido a uma queda proporcional do número de fumantes entre homens e mulheres nas últimas duas décadas, um dado chama atenção da pesquisa: a queda foi mais acentuada entre 1990 e 2005 do que entre 2005 e 2015. O estudo não deixa dúvidas de que o controle do tabagismo é possível, mas exige compromisso político global e de cada país além do que já foi feito nesses 25 anos.

Bob Vieira da Costa é sócio fundador e presidente da agência Nova/sb. Chefiou a comunicação do Ministério da Saúde quando o governo iniciou a luta antitabagismo.

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Álcool na Adolescência: como lidar com isso

Médico traz as principais orientações para prevenir esse problema bastante comum entre os jovens brasileiros

O consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens tem suas consequências… 

bebida alcoólica representa um risco enorme para a nossa sociedade. É responsável, direta e indiretamente, pela maior parte das mortes entre adolescentes e causa de parcela expressiva dos problemas sociais. O momento da iniciação na bebida alcoólica é um dos pontos mais preocupantes. E a falta de conscientização a respeito — por parte dos pais e mesmo de alguns pediatras — tem chamado a atenção da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Em estudo piloto realizado no Ambulatório de Pediatria do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, mostrou-se que o consumo de álcool no ambiente familiar é bastante elevado (43,5%). A bebida alcoólica é seguida, nesse sentido, pelo cigarro (34,5%), pela maconha (27,5%) e pelo crack (11,5%). Os números obtidos em nossa pesquisa preocupam ainda mais porque indicam que o início no uso de álcool e outras drogas começa dentro de casa.

A popularidade da bebida alcoólica se amplifica quando levamos em conta que muita gente não associa a cerveja ao álcool. A cerveja está fora, inclusive, da lei de propaganda que regula as bebidas alcoólicas — isso porque tem menos de 13 graus de teor alcoólico, limite a partir do qual se proíbe a veiculação de anúncios de bebida alcoólica na mídia. Sabemos que a propaganda nos horários em que as crianças assistem TV é fator de iniciação no uso precoce do álcool.

Diante disso, quando me peguntam a partir de que idade devemos conversar com a família a respeito de álcool e drogas, respondo que isso deve começar desde a fase em que o bebê está no útero. Sim, se existem pessoas que têm problema com álcool no ambiente familiar, o médico precisa discutir isso com os pais. E estes com os filhos.

Se a mãe for alcoolista, precisamos alertar e intervir porque o risco de síndrome alcoólica fetal é sério e irreversível. O álcool é um perigo na gestação. Hoje temos visto adolescentes grávidas só diagnosticadas como tal no terceiro ou no quarto mês de gestação. Muitas estão ingerindo álcool sem saber de sua condição, expondo bebê e elas próprias a danos.

Quando pegamos a faixa etária de 17 anos, já temos 60% de experimentação de álcool nos jovens pesquisados em dez escolas do entorno da USP. O uso começa por volta dos 10 anos e em 20% dos casos já temos usuários de mais de uma dose diária. Isto é, já são dependentes. Se há consumo abusivo de álcool ou outras drogas na família, mais precoce tende a ser a iniciação da criança. E, para qualquer droga utilizada antes da maturação do cérebro (ao redor dos 21 anos), eleva-se o risco de dependência e problemas ligados a ela.

Estar ciente disso e detectar as possíveis drogas lícitas ou ilícitas que entram em casa é fundamental para prevenir e saber como lidar com o uso do álcool na adolescência. Geralmente os pais só ficam sabendo que os filhos bebem quando estes chegam alcoolizados em casa.

Não é possível que tenhamos casos de coma alcoólico aos 14 ou 15 anos nos consultórios pediátricos, consequência de jovens se embriagando em festas de 15 anos com bebidas oferecidas pelos próprios pais do aniversariante! Colocar em pauta essa discussão e incentivar a troca de ideias com a família foi o único fator positivo para reduzir a experimentação de álcool e drogas pelos jovens, segundo nossa pesquisa conduzida em escolas do Butantã, na capital paulista — esse fator superou a presença de espiritualidade, prática de esportes e participação em atividades culturais.

Orientações na prática

Listo, a seguir, nove recomendações para um bom aconselhamento voltado à prevenção no uso de álcool e outras drogas na adolescência. Lembre-se de que álcool é droga também — e cerveja tem álcool.

1. Pais, estejam sempre ao lado dos filhos. Isso vai levá-los a escutar vocês.

2. Os filhos se espelham no comportamento dos pais. Reflita sobre a oferta de bebidas que você disponibiliza nas festas e encontros em família.

3. Discuta os assuntos em família. Aproveite filmes, novelas, notícias de jornal e leituras para falar sobre a prevenção ao uso de drogas. Aquele sermão caso o filho chegue embriagado(a) de uma festa pouco adianta.

4. Não queira de imediato fazer a dosagem de drogas em seu filho. Muito melhor é gastar esse tempo em conversa e prevenção.

5. Traga os amigos dos seus filhos para dentro de sua casa.

6. Anote o que discutiu com eles para que você possa retomar o aconselhamento num bate-papo próximo e, assim, aprofundar o compartilhamento de informações e reflexões com a família.

7. Não importa a idade do seu filho ou filha. O aconselhamento se inicia ainda no útero. Se a mãe fuma ou o pai bebe em excesso, por exemplo, não há tempo a perder para rever esses hábitos e proteger a família.

8. Doenças como a dependência química podem ter aspecto genético. Então vale investigar os antecedentes familiares. Se há alcoolistas na família, não se deve ter bebida em casa. Em caso de pessoas com problemas psiquiátricos, saiba que o uso de maconha pode antecipar e potencializar alguns transtornos.

9. Seja amoroso e insistente nas questões e conversas sobre drogas. Nunca sabemos qual o ponto que vai pegar e fazer cair a ficha do seu filho. Minha experiência mostra, ainda, que a criança é um excelente veículo para tratar a dependência dos pais. Perguntei a um avô certa vez porque ele havia parado de fumar aos 70 anos. E ele respondeu que eu havia dado um livrinho para o seu neto sobre o malefício do cigarro. Toda vez que ele acendia um cigarro, seu neto o fazia ler o livreto. De tanto ler, uma hora resolveu parar de fumar.

Artigo publicado no dia 10/07 no site da Revista Saúde da Editora Abril.
https://saude.abril.com.br/blog/experts-na-infancia/alcool-na-adolescencia-como-lidar-com-isso/